IPEA prega maior foco do Programa Espacial Brasileiro

Segundo o IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), o Programa Espacial Brasileiro (PEB) deveria reduzir suas atividades no sentido de obter maior êxito. Segundo técnicos do instituto, o Brasil não apresenta resultados significativos apesar de quase 50 anos de atuação na área. (http://goo.gl/KilRF).

Técnicos, como Flávia de Holanda Schmidt (IPEA), Geovany Araújo Borges (UnB) e Carlos Alberto Gurgel Veras (UnB), pregam um escopo para o PEB mais bem definido, focando em algo menor, porém com maior sucesso. O veículo suborbital para transporte de experimento científico é citado como um exemplo de objetivo possível de ser alcançado.

O PEB sofre com a descontinuidade de recursos, desestimulando o interesse de fornecedores. Isto enfraquece o crescimento da indústria espacial. Segundo Flávia, “para permanecer no setor, as empresas têm que ver um horizonte, uma demanda contínua para as atividades delas”. Ela vai além, preconizando que “o Estado, as empresas e a comunidade científica devem se  articular melhor e organizar a demanda para o programa espacial, vinculando as iniciativas às atividades de urgência social (como fornecimento de internet banda larga em áreas sem cabeamento óptico, tele-educação e telemedicina) e de grande potencial econômico (como agronegócio, energia e construção civil)”.

Por fim, Flávia cita os exemplos da Índia e da China que, ” apesar de terem iniciado depois do Brasil, têm hoje programas espaciais mais exitosos”.

Dados da indústria espacial brasileira, segundo o trabalho do IPEA:

  • Brasil ocupa a última posição (num universo restrito de pouco mais de uma dezena de países) no ranking mundial de competitividade espacial, segundo o Futron’s 2009 Space Competitiveness Index.
  • Brasil tem 177 empresas fornecedoras de serviços e peças para a área espacial (71 indústrias de transformação que concentram 79% dos trabalhadores do setor).
  • Quase 78% das empresas estão instaladas no estado de São Paulo, principalmente em São José dos Campos.
  • 43 mil empregados no setor (média de 278 pessoas por empresa) (dados IPEA e Ministério do Trabalho).
  • Escolaridade média no setor é de 11,6 anos de estudo.
  • 37% da mão-de-obra tem nível superior (8,7% são engenheiros).
  • A renda média dos trabalhadores é R$ 2.566,12.
  • As empresas têm, em média, 18,3 anos de funcionamento.
  • Um quarto delas exporta produtos, enquanto a metade importa componentes.

Alguns destes números me surpreendem. 177 empresas com 43 mil empregados é bem mais do que tinha em mente. A escolaridade média é relativamente baixa para um setor que envolve alta tecnologia. O número baixo de engenheiros pode ser reflexo da falta destes no mercado brasileiro. Agora, o que realmente surpreende é a renda média dos trabalhadores do setor. Parece que em breve a China e a Índia estarão melhor que o Brasil também na questão de salários. Se é que já não estão.