Mapeamento por satélites: qual a melhor solução?

Na hora de definir a melhor solução para o mapeamento por satélite, o usuário deve ter em mente que muitas vezes a melhor solução é o uso integrado de diferentes satélites e tecnologias.

Nos projetos regionais isso fica ainda mais evidente. O uso integrado de diferentes satélites buscando alta resolução temporal, ainda que com baixa ou média resolução espacial, aliado a imagens de média para alta resolução espacial, agora com uma frequência de cobertura menor, bem como fazendo uso de imagens comerciais e gratuitas e de diferentes tecnologias (ótica e radar) garante um resultado que não é possível com um único satélite.

O uso de imagens gratuitas para observação diária da área de interesse é possível com sensores de baixa resolução espacial (MODIS – 250m). Estas imagens permitem a identificação de acidentes naturais, alterações antrópicas que impactem o meio ambiente, entre outras aplicações. São a base de um sistema de alerta, como o Programa DETER do INPE. A partir do fim do ano, um sistema como esse poderá usar imagens gratuitas do sensor WFI do CBERS-3, com resolução espacial de 64m e resolução temporal de 5 dias. Atualmente já é possível adquirir gratuitamente imagens AWFIS do satélite indiano IRS-P6 (Resourcesat), com 56 metros de resolução espacial (consulte o catálogo do INPE). Para aquisições específicas, existe a possibilidade de uso de imagens da constelação DMC (Disaster Monitoring Constelation) que permite aquisição diária em visada nadir de pelo menos um dos seus sete satélites, com resolução espacial de 22 ou 32 metros. Estas imagens têm um custo muito baixo.

A constelação DMC ainda pode ser usada para coberturas mensais em média resolução. Isto possibilita a detecção de mudanças no ambiente de estudo. Em 2013 será possível complementar estas coberturas com imagens gratuitas do sensor MUX do satélite CBERS-3 (20m e 26 dias) e do Landsat-8 (15 e 30m e 16 dias). Infelizmente, esses satélites gratuitos sozinhos não garantem uma cobertura mensal de qualidade.

Para uma visão de maior detalhe em macro-regiões, a melhor solução disponível no mercado é a constelação RapidEye. São 5 satélites idênticos com 6,5m de resolução espacial e 6 dias de resolução temporal. O RapidEye é o único sistema confiável para coberturas semestrais de grandes regiões (acima de 1 milhão de km2)  e mensais de regiões médias (em torno de 200 a 500 mil km2). A constelação RapidEye é excelente para o mapeamento do uso e ocupação do solo. Em 2013 será possível complementar essa visão detalhada com imagens PANMUX do satélite CBERS-3 (5m e 52 dias). Com apenas 1 satélite e 3 coberturas semestrais, esse sistema não pode ser o principal para uma cobertura semestral de grandes áreas, a despeito de sua excelente resolução espacial.

Para pontos de interesse específicos, imagens de alta resolução espacial podem ser usadas em frequências temporais variadas. Sobre áreas urbanas, uma cobertura anual é suficiente. Em casos de monitoramento de alguma anormalidade, a aquisição de imagens ocorre sob demanda. Há dois sistemas principais de alta resolução: GeoEye e DigitalGlobe. A escolha será meramente uma questão de preço e compromisso com o tempo de resposta da programação.

As imagens de radar podem ser necessárias em diversas ocasiões, principalmente quando há necessidade de aquisição imediata de imagens independente das condições climáticas. O satélite Radarsat-2 e a constelação COSMO-Skymed são os principais sistemas radar disponíveis no mercado. O Radarsat-2 é continuação do pioneiro programa Radarsat, com um sensor SAR (Synthetic Aperture Radar) na banda C (5,4 GHz) e resolução espacial variando de 3 (modo ultra-fine) a 100 (modo ScanSAR wide) metros. A constelação COSMO-Skymed traz como novidade principal o lançamento de 4 satélites idênticos aumentando em muito a disponibilidade de dados. Eles carregam sensores SAR, mas na banda X (9,6 GHz), com resolução espacial variando de 1 (spotlight-2) a 200 (modo ScanSAR huge region) metros.

Ainda não é comum o uso integrado de diferentes soluções de imagens de satélite num único projeto, seja por questões financeiras, seja por deficiência no uso de algumas tecnologias (radar, por exemplo). Mas com certeza é a melhor solução para grandes projetos. Imagens gratuitas não devem ser vistas com descaso. A tendência do mercado é que imagens de média e baixa resoluções espaciais sejam gratuitas, a não ser que tragam valores únicos agregados, como uma constelação que permite uma revisita diária. E estas imagens contribuem e muito para projetos de alcance regional.