
A revista Exame dessa semana (edição 1.007, ano 45, no. 25 de 28/12/2011) traz um comparativo entre Brasil e Estados Unidos em relação à desigualdade. O principal resultado está no índice de Gini, considerado o melhor termômetro para medir a desigualdade na distribuição de renda. Nos últimos 20 anos, o Brasil avançou 10% enquanto os EUA recuaram 12%. Dessa forma, a diferença existente entre os países recuou 60% (de 0,18 para 0,07). Mantido esse ritmo, a desigualdade na distribuição de renda nos EUA superará a do Brasil nos próximos 10 anos. Talvez menos, pois o crescimento anual da desigualdade vem se acentuando cada vez mais nos EUA.
Fonte: Revista Exame.
As distâncias entre os mais ricos e os mais pobres já se equivalem nos dois países, e a previsão é que em 2015 essa distância seja maior nos EUA. A renda dos 10% mais ricos nos EUA será 40 vezes maior que a renda dos 10% mais pobres, enquanto no Brasil essa relação será de 35 vezes. Há vinte anos, essa relação era de 78 vezes no Brasil e de 26 vezes nos EUA. O avanço do Brasil é de mais de 50% e o recuo nos EUA é maior que 50%.
Fonte: Revista Exame.
A desigualdade salarial nas empresas já é maior nos EUA. Lá, um executivo de uma empresa de grande porte recebe o equivalente a 325 vezes à média dos trabalhadores. No Brasil, essa relação é de 195 vezes. Aliás, ambos os números são indecentes.
Fonte: Revista Exame.
Esses números são preocupantes, pois estamos falando da maior economia do planeta. País considerado símbolo das oportunidades, da democracia plena e o maior defensor do capitalismo como o melhor caminho para trazer bem estar à população.
Entretanto, fica difícil falar em democracia e igualdade quando o contingente de pobres aumenta ano após ano e quando os índices relativos à igualdade tendem a ficar iguais ou piores aos de países emergentes. Esse retrato não incorpora a crise por que passa os EUA e o mundo, o que poderá fazer com que o quadro seja ainda pior.
É importante que o Brasil, no momento em que sua economia está em crescimento, com projeção de continuar assim nos próximos anos, procure avançar na redução das desigualdades, investindo principalmente em educação. A educação ainda é o melhor caminho para que as oportunidades apareçam para todos. Infelizmente no Brasil o ensino público de qualidade se restringe às universidades (terceiro grau ou ensino superior), salvo honrosas exceções. As escolas públicas de primeiro (ensino fundamental) e segundo (ensino médio) graus deveriam ser tão boas quanto, e seus professores tão valorizados quanto aqueles.