
Por Antonio Machado e Silva
Antes de mais nada, quero deixar claro que não sou um especialista em questões ambientais. Meu interesse é de um cidadão preocupado com o que acontece em nosso planeta. Sou amazonense, mas morei e moro na região sudeste há 50 anos. Quando posso, participo de seminários que discutem a questão ambiental. Muitas vezes o tema central é a Amazônia. Nesses casos, costumo fazer um teste: quantos especialistas que estão discutindo o tema são oriundos da Amazônia? Geralmente a resposta é: nenhum. Vou para o segundo teste: quantos ouvintes são oriundos da Amazônia? Geralmente a resposta é a mesma: nenhum.
Pergunto: como é possível se organizar um seminário para discutir a Amazônia sem que ninguém de lá se faça presente? Ainda mais hoje, quando temos uma candidata a Presidente nascida e criada no Acre, candidata pelo Partido Verde e com grande conhecimento das questões ambientais e, mais especificamente, da Amazônia.
Não quero negar que haja conhecimento para se discutir a Amazônia nas regiões Sul e Sudeste. Acho oportuna a busca por soluções para preservar a Floresta Amazônica. Sou totalmente favorável a práticas de desenvolvimento sustentável que preservem o verde. Porém, as discussões sobre aquele imenso território não podem desconsiderar os mais de 25 milhões de habitantes que ali residem.
Costumo fazer um paralelo com os gringos que discutiam a nossa revelia o que era mais indicado para o crescimento do Brasil. Não gostávamos e nem aceitávamos. O mesmo se passa com os habitantes da Amazônia, quando ficam alijados das discussões sobre a preservação de nossa imensa floresta.
Meu último teste, nessas ocasiões, é observar a saída dos presentes. Fico pasmo com o número de pessoas que pega seu carro, sozinho, e segue seu caminho. O automóvel é uma das maiores, senão a maior, fonte poluidora do nosso planeta. Um dos maiores, senão o maior, responsável pelo efeito estufa. Era de se esperar que uma platéia preocupada com o meio ambiente fizesse uso de carona solidária e até mesmo de meio público de transporte. Mas não, alguns ainda usam carros de câmbio automático e com motores potentes, que sabidamente são mais poluidores que os de câmbio manual e de motores com menos potência, apenas por comodidade.
Vou propor um seminário a ser realizado na Amazônia para discutir a restrição ao uso de automóveis nas regiões Sul e Sudeste. Nenhum carro poderá circular apenas com o condutor. Deverá ser acompanhado de no mínimo um passageiro. Todas as grandes cidades deverão fazer rodízio, não para melhorar o trânsito, mas para reduzir a emissão de gases. Será proibido o uso de carros de câmbio automático para conforto do motorista. O uso de carros com motores acima de 2.0 será restrito. Haverá um índice máximo de automóveis circulando por km2.
E aí, você está disposto a abrir mão do seu carro em prol do Planeta?