
2010 é um ano muito importante para os brasileiros. Não estou falando de Copa do Mundo, nem tão pouco de eleições. Estou falando do XII Censo Demográfico que será realizado pelo IBGE, a partir de 1o. de agosto.
Esse grandioso evento acontece desde 1872, sendo que desde 1936 a responsabilidade passou a ser deste Instituto. Atualmente, ele é realizado em intervalos de dez anos. Segundo notícias na mídia, este será o “primeiro Censo totalmente informatizado”.
O Censo se revela como o melhor instrumento para se conhecer as diferenças sócio-econônicas entre raças, gêneros, regiões, estados, municípios, bairros, centro e periferia. Por meio dele, pode-se confirmar as cidades partidas, de que fala com tanta propriedade Zuenir Ventura. O Censo é a base para a definição de políticas sociais e de apoio ao desenvolvimento econômico regional, como também de ações afirmativas.
Não é possível negar a importância e a relevância do trabalho realizado pelo IBGE, nem deixar de louvar o esforço para coletar, processar e disseminar uma miríade de dados que podem e devem ser usados por empresas de todos os segmentos. Por conta disso, é importante que todos discutam esse evento, apresentando suas dúvidas e sugestões. As questões que levanto são simples:
- Frente aos enormes esforço e orçamento alocados na execução do Censo Demográfico, está a sociedade preparada para fazer uso dos resultados daí advindos?
- A participação da sociedade na definição dos dados coletados, dos parâmetros aferidos, do formato dos resultados é adequada?
- Apesar do uso de PDA’s, imagens de satélites e de ser o “primeiro Censo totalmente informatizado”, não haveria outras tecnologias que pudessem melhorar a produtividade e reduzir os custos?
- O mundo hoje cresce de forma muitíssimo mais acentuada que no século passado, para não retrocedermos até o século XIX. O intervalo de 10 anos ainda está adequado ou é mantido por conta dos custos que cercam uma atividade como essa?
A Sociedade usufruindo o Censo
Em relação à primeira pergunta, vejo negativamente um sub aproveitamento dos resultados do Censo. Poderia o IBGE fomentar o melhor uso dos dados censitários? Como? A sociedade conhece a amplitude do Censo e a qualidade dos dados censitários?
Desculpe-me se não trago respostas e apresento mais indagações, mas a verdade é que temos que aproveitar a proximidade do Censo 2010 para estarmos preparados para absorver e tirar o máximo proveito dos resultados.
A Sociedade participando do Censo
A segunda remete ao paradoxo “Tostines”: a sociedade não aproveita os resultados porque não participa do projeto do Censo, ou não participa porque ainda não realizou a importância desse evento? De qualquer forma, a sociedade tem que entender melhor, participar mais e fazer uso massivo dos resultados do Censo.
A tecnologia a serviço do Censo
A terceira refere-se ao uso de tecnologias disponíveis, muitas, inclusive, gratuitas. Apesar de toda a informatização, ainda há espaço para reduzir custos, tempo e aumentar a produtividade. Não poderíamos preencher o questionário via web? O recenseador teria apenas que confirmar a veracidade do ato. Os resultados não poderiam ser distribuídos à sociedade num banco de dados espacial baseado em software livre?
Vamos fazer mais Censo?
Quanto à última questão, acredito que se o intervalo de 10 anos era adequado na primeira metade do século passado, certamente não é mais adequado em pleno século XXI. Comparando Censos anteriores, o IBGE saberia responder qual o grau de alteração da radiografia da sociedade brasileira entre os Censos de 1950, 1960, 1970, até o Censo 2000?
Há ainda pequenos ajustes do ponto de vista da geoinformação, como uma melhor adequação entre os setores censitários e os limites das regiões administrativas e bairros, por exemplo. Mas isso fica para outra oportunidade.
Assim como eu, você também deve ter suas dúvidas e certezas sobre o Censo. Precisamos dar o primeiro passo, no sentido de engajar a sociedade de forma mais efetiva na construção deste, para que todos façam um melhor aproveitamento dos resultados. O custo do Censo já está definido e orçado. Os benefícios dependem de nós.
Parabéns IBGE
Encerro parabenizando toda a família IBGE, incluindo os recenseadores contratados, não só por este trabalho, mas pelo 74o. aniversário do Instituto, comemorado no dia 29 de maio. Sucesso nessa empreitada. Um abraço especial nos velhos amigos Luiz Paulo Fortes e Rafael March, da Geociências.
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Vamos discutir o Censo. Traga a sua opinião.
Estamos preparados para fazer pleno uso dos resultados do Censo?
A participação da sociedade na definição dos dados coletados, dos parâmetros aferidos, do formato dos resultados é adequada?
O Censo poderia fazer uso de novas tecnologias para melhorar a produtividade e reduzir os custos?
O intervalo de 10 anos ainda está adequado ou é mantido por conta dos custos que cercam uma atividade como essa?